Os recentes casos de suicídios em nossa cidade acendeu um alerta,
o que faz uma pessoa tirar a sua própria vida?, O que muita gente não sabe é que
esse é um problema de saúde pública e é muito mais recorrente do que nos
parece. Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice
de suicídios cresceu 12% no Brasil entre os anos de 2011 e 2015.
Segundo a pasta, esta já é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e
29 anos.
(FOTO: FLICKR) |
A psicóloga Erídja Estevam, observa que a construção de um
imaginário de vida ideal, que seria um modelo a ser seguido por todos acaba
gerando frustrações. "Pra existir o bonito é preciso existir o feio, para que existam os acertos é preciso existir os erros, pra existir alegria é preciso existir tristeza. Então, o que encontramos nas redes sociais e o que a mídia vende é uma felicidade instantânea baseada na ilusão." Para ela, a busca por uma felicidade completa acaba por estabelecer uma meta
que não pode ser alcançada."Ninguém é feliz o tempo todo, a gente tem de que lidar com a parte desagradável da vida, tristeza, frustração, falha, hoje em dia as pessoas não sabem mais lidar com os problemas da vida, não querem ver o problema."
O modo
como o assunto é abordado pela mídia também merece uma reflexão, o professor de
comunicação Social da UERN, Marco Escobar, explica que não há uma regra que
defina como os meios devem tratar do tema."A questão do suicídio na imprensa sempre vai gerar diferentes interpretações, até porque no Brasil nós não temos uma padronização onde alguns veículos de comunicação aceitam que haja a divulgação, outro não aceitam."
A decisão por muitos veículos de comunicação de evitam falar a
respeito, nem sempre é a melhor decisão. O CVV, Centro de Valorização da Vida, entidade
que trabalha visando evitar que pessoas atentem contra sua própria vida,
elaborou um manual de como profissionais da mídia devem noticiar o assunto. Ao
contrário do que se pensou durante muito tempo, a temática suicídio não deve
ser assunto proibido na mídia. A comunicação precisa, pode ajudar a salvar vidas
e evitar o sofrimento de muitas famílias
Vejamos alguns cuidados na hora de tratar do assunto:
As matérias sobre suicídios não devem ser
capa no jornal impresso ou ocupar os primeiros blocos na TV ou Rádio. As fotos das
pessoas e o lugar onde aconteceu não devem ser publicadas. Não divulgar o
método utilizado, nem evidenciar o luto dos familiares, ou divulgar homenagens
como vídeos elaborados por amigos, isso glamouriza quem cometeu suicídio e pode
fazer com que outras pessoas sintam-se inspiradas a fazer o mesmo.
Outros cuidados são: evitar a divulgação do conteúdo de cartas ou
bilhetes suicidas. Nunca apresentar possíveis causas, ou apontar o suicídio como
consequência de um único evento, como perda de emprego, divórcio ou notas
baixas na escola.
Deve ser evitado dar uma dimensão romântica ao suicídio ou
apresentá-lo como vingança. Além de ser uma abordagem simplista sobre o tema,
pode causar má influência ao público. O suicídio não deve ser apresentado como
uma saída pros problemas, e a ligação com aspectos como fé ou falta dela não é
adequada.
É preferível abordar o tema como questão de saúde pública, e jamais
como caso de polícia ou criminal. E é preciso ainda o cuidado com a linguagem,
termos como: “teve êxito”, “tentativa bem ou malsucedida” nunca devem ser
utilizados.
O
Centro de Valorização da Vida, CVV, oferece apoio 24 horas por dia no telefone
141 ou pelo site www.cvv.org.br. O atendimento é gratuito e de forma anônima.
Ouça versão completa em áudio:
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